A ditadura dos tuítes.

Quase 4 meses de ausência neste blog… Por que parei? Parei por quê? Falta de tempo? Esse é só um dos motivos. Outro é a impressão de que ninguém quer ler textos com mais de 140 caracteres, ou seja, com extensão superior à de um tuíte. Será que estou exagerando? Talvez. Fato é que este blog já teve mais impacto – ao menos entre as pessoas conhecidas. De uns tempos para cá, o que gera mais reação são frases soltas, comentários curtos, que posto nas redes sociais. Parece que se vive uma ditadura dos tuítes.

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Claro que isso não vale para as celebridades do texto! Escritoras, escritores, articulistas, colunistas, analistas, comentaristas, repórteres da Piauí, essa turma pode redigir à vontade. Tem público cativo. A onda do story telling, aliás, segue firme. Já aos pobres desconhecidos, como eu e milhões de outros, resta a generosidade de quem, por curiosidade ou camaradagem, resolve ler artigos, crônicas, relatos publicados despretensiosamente em um blog ou website sem fama. Tão consciente sou de meu anonimato que dei a este espaço o modesto nome de “O Blog Menos Lido do Mundo”.

Antes que a leitora ou o leitor diga que estou com “mimimi”, preciso deixar claro que a fama nunca foi meu objetivo aqui. O que lamento é a falta de tempo de algumas pessoas e a preguiça de outras tantas diante de um texto que talvez lhes agrade, talvez lhes acrescente algo. Ainda assim, compreendo: sob uma enxurrada de informação, de todos os lados, e a natural falta de tempo para consumir tudo, é preciso selecionar, priorizar. Entre uma reportagem especial de uma estrela da imprensa e um artigo de um blogueiro bissexto, adivinhe por qual a maioria opta.

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Pode ser que a leitora ou o leitor pense com seus botões: “O que falta a esse cara é talento. Se seus textos fossem espetaculares, ele provavelmente já seria sucesso de público e crítica.” Tenho cá minhas dúvidas. Modéstia à parte, quando escrevia para um jornal diário, eu tinha excelente aceitação. Se não tivesse abandonado o lufa-lufa de uma redação, talvez fosse hoje um bem sucedido autor de reportagens especiais em algum periódico do país. Com isso, quero dizer que ao menos parte do êxito de um autor ou de uma autora se deve mais ao veículo onde publica seus textos do que a seu talento para escrever. Não é à toa que, ao deixar o jornal ou a revista onde publicam, jornalistas muitas vezes caem no ostracismo.

Mesmo com talento, é difícil sobreviver como autor sem um mínimo de marketing. Há pessoas que têm o dom adicional de saber “se vender”. Há mesmo quem abra mão de escrúpulos para ganhar a fama. Uma das maneiras mais simples de atropelar a ética é optar pelo sensacionalismo. A cuidadosa (e malandra) escolha de temas e de palavras faz toda a diferença. Atacar uma celebridade ou uma autoridade, criticar um comportamento-padrão, dizer palavrões, entre outros recursos nada nobres, são formas de chamar a atenção independentemente do talento para redigir.

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Seja como for, é preciso que haja leitoras e leitores interessados nesse tipo de conteúdo duvidoso. Curiosamente, sempre há. Na real? Dispenso esse público. A baixar o nível, prefiro o anonimato e a consciência tranquila. Ainda não precisei apelar. Espero que nunca precise. Sigo quietinho por aqui e com meus tuítes nas redes sociais da vida.

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5 respostas para A ditadura dos tuítes.

  1. Dilza disse:

    Vc é meu escritor preferido. Leio todos e compartilho. Acho que o maior problema dos problemas das pessoas é a preguiça de ler. Se não for sensacinalista, não prende atenção. Mas vá em frente, somos poucos, mas somos seus admiradores.

  2. Dilza disse:

    Vc é meu escritor preferido. Leio todos e compartilho. Acho que o maior problema das pessoas é a preguiça de ler. Se não for sensacinalista, não prende atenção. Mas vá em frente, somos poucos, mas somos seus admiradores.

  3. Adriel disse:

    Li tudinho, como sempre. E gostei, como sempre.

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