Preciso ser conciso. Quero ser conciso. Mais conciso. Ainda uso muitas palavras — para falar, escrever, expressar-me enfim. Gosto das palavras. Admito que elas exercem sobre mim fascínio e poder. Talvez por isso mesmo, tantas vezes eu me deixe por elas dominar. Só que assumo o risco de cansar ouvidos, olhos e mentes. Ninguém merece ouvir ou ler o que digo se for à exaustão.
Por que diabos trago isso à tona agora? Por que uso palavras para dizer que devo usar menos palavras? Seria porque, para qualquer pessoa, é impossível não se manifestar? Seria porque, no fundo, todos os seres humanos gostam de se exprimir (embora alguns optem, na maior parte do tempo, por manter a boca fechada e os dedos longe de um teclado)? Seria porque, diante dessas hipóteses, pretendo justificar o fato de ser prolixo?
Mas seria eu tão prolixo assim? O que tenho observado com frequência é gente que se expressa muito, sobretudo falando, mas não se dá conta do quanto fala, às vezes mais do que as pessoas que elas criticam por falar em demais. Vale lembrar ainda quem fala e escreve menos, porém não para de publicar imagens nas redes sociais. Promove um bombardeio audiovisual – comendo, dormindo, trabalhando, navegando, dançando, viajando, viajando, viajando…
Quer saber? No fundo, vim aqui dizer que somos um bando de narcisistas que adora se expressar, seja como for. Os caladinhos talvez me chamem de tagarela que só quer se justificar. Chute errado. Não marcou. Só quero dizer: apesar de ser loquaz, mas me esforçar para usar cada vez menos palavras, sou um entre os milhões (talvez bilhões) de pessoas que gostam tanto quanto ou mais do que eu de exprimir-se. O silêncio é paz, harmonia, delicadeza, mas as palavras – sobretudo se as usarmos com moderação e elegância – são inevitáveis e necessárias.
Será que fui claro? Talvez devesse ter dito tudo isso em um tweet…