Quando tenho alguma intuição (alguns preferem chamar isso de feeling), trato de levá-la a sério. Raramente falha. Claro que sinto medo de estar enganado. É fácil confundir pressentimento com vontade, receio, imaginação. De qualquer forma, respeito minhas intuições — como esta agora, quando se aproxima o fim de 2015.
Apesar das várias crises que se abatem sobre o mundo em geral e o Brasil em particular, tenho tido a sensação de que 2016 será, ao menos para mim, muito melhor que 2015. Racionalmente, isso não faz sentido. Todos os prognósticos políticos, econômicos, ambientais apontam para um ano novo difícil para todos. Nada de muito dinheiro no bolso e saúde para dar e vender. Mesmo assim…
Miro o horizonte e enxergo alegria. Por que será? Não tenho a menor idéia. Talvez eu realize alguns sonhos. Talvez eu tenha mais qualidade de vida. Talvez eu me torne menos rigoroso comigo mesmo e com os outros. Talvez os outros se tornem menos rigorosos comigo também. Talvez eu finalmente me converta em um otimista (milagres acontecem…).
Não sei. Não sei. É impossível viver sem dor. Alguma terei. Ou várias. A contrariedade, lamentavelmente, é inevitável neste mundo. Ainda assim, irrompe em mim esta bizarra intuição: terei mais alegria que tristeza em 2016.
Para ser bem sincero, esse feeling, ao mesmo tempo em que me agrada, também me preocupa, pois não quero nutrir esperanças que talvez não se concretizem. Posso, afinal, ter um 2016 sofrido. Aqui está a razão em franca disputa com a intuição.
Está certo, leitores. Confiarei em minha intuição e verei no que dará isso. Como afirmei no início deste texto, ela raramente falha. Repito: raramente (o que não é o mesmo que nunca). Melhor torcer para estar certo. Aceito votos de feliz ano novo. Eles podem ajudar. Uma no cravo, outra na ferradura. Ninguém é de ferro. Muito menos eu. Desejo-lhes um Natal tranqüilo e um 2016 o melhor possível, “here, there, everywhere”.