Caras e coroas.

Velhice pode ser um conceito relativo. Sabe bem disso quem tem familiares, amigos, conhecidos com 70 anos de idade ou mais. Sabe também que, em muitos casos – muitos mesmo –, chega a soar estranho referir-se aos septuagenários como “velhinhos”, no sentido de pessoas frágeis, dependentes ou até incapazes. Curiosamente, não há muito tempo, assim os via e descrevia expressiva parcela da sociedade.

 

Velhinho

 

Hoje, basta acompanhar minimamente o que se passa no mundo para ter ciência de que significativo número de integrantes da chamada “terceira idade” trabalha fora; sustenta uma ou mais famílias; viaja de carro, ônibus, trem, avião; dirige automóvel, moto, bicicleta; administra uma ou mais empresas; governa um país ou um estado ou uma cidade; publica livros; faz longas turnês de espetáculos artísticos; carrega peso; faz exercícios físicos puxados; paquera, namora, casa; lava, passa, cozinha, o diabo a quatro.

 

Mick Jagger: velhinho?![Foto: Kevin Mazur/WireImage.com] Mick Jagger: velhinho?! [ Foto: Kevin Mazur/WireImage.com]

 

 

“É difícil caracterizar uma pessoa como idosa utilizando como único critério a idade. Além disso, neste segmento conhecido como terceira idade, estão incluídos indivíduos diferenciados entre si, tanto do ponto de vista socioeconômico como demográfico e epidemiológico”, declara o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no estudo “Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios no Brasil”, do ano 2000. A afirmação me parece bastante razoável, para dizer o mínimo.

De fato, para as instituições de pesquisa que lidam com demografia, nas quais os governos se baseiam para estabelecer suas políticas públicas, há realmente uma faixa etária definida para a população idosa. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, define esse segmento populacional como aquele com idade superior a 60 anos. O mesmo critério adota o Estatuto do Idoso no Brasil. Para o próprio IBGE, esse grupo contempla indivíduos com 65 anos ou mais. Acontece que…

Com rendimento médio de R$ 657,00, o idoso ocupa, cada vez mais, papel de destaque na sociedade brasileira, informa o IBGE. Os “velhinhos” frágeis dos estereótipos ficam onde nesse contexto? Ao que tudo indica, no passado, ainda que recente.

 

Velhinho3

 

Dados do Censo Demográfico 2010, do mesmo IBGE, revelam aumento da população com 65 anos ou mais: era de 4,8% em 1991, passou a 5,9% em 2000, chegou a 7,4% em 2010 e, hoje, é de 8,6%. A tendência, como se nota, é de crescimento. Nos próximos 20 anos, os idosos do Brasil poderão ser mais de 30 milhões de pessoas e deverão representar quase 13% da população ao final desse período.

Resumo da ópera: a população idosa do século 21 está maior e bem diferente daquela do século 20, embora tenha nascido no centenário anterior. Quem não se deu conta disso ainda, que abra os olhos.

Os idosos que se sentem “para trás” podem erguer a cabeça, e os jovens que se julgam superiores, baseados exclusivamente na idade, na força e na aparência física, devem se lembrar de que o mundo está e estará cada vez mais nas mãos dos “coroas”. Se a tendência demográfica atual continuar, os “velhinhos” é que serão “os caras”!

 

Velhinho2

Publicidade
Esse post foi publicado em Comportamento, Política e marcado , , , , , , , , , , , , . Guardar link permanente.

4 respostas para Caras e coroas.

  1. wilson disse:

    muito bom o texto, house. me lembrou (e ajudou a decidir) que estou pensando em sair com uma colega de 62 anos…
    W

  2. Marcia Sahb disse:

    Muito bom!! Parabéns Luciano! Abçssss

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.