Era uma conversa informal sobre amor e sexo entre quatro amigos, um homem e três mulheres, todos com mais de 30 anos de idade. Almoçavam em um restaurante self service um pouco mais sofisticado que a média do gênero.
Uma das mulheres quis saber do amigo como anda a vida sentimental dele. A resposta foi de uma franqueza acachapante: “Já não espero mais nada nesse sentido. O que vier será lucro. Quando eu era bem mais jovem, sonhava viver um grande amor. O tempo passou. Não vivi esse grande amor. Quando eu mais queria, não aconteceu. Agora, já foi!”.
A outra ensaiou um misto de indagação e consolo: “Será que o problema não está no fato de você escolher o tipo errado de pessoa?”. O amigo, que já viveu e refletiu sobre a própria situação numerosas vezes, tinha a resposta na ponta da língua: “No campo profissional e em outros da vida, a gente até tem algum controle, mas no sentimental a gente precisa contar com a sorte, com o acaso, com o destino, o nome que se queira dar…”. A amiga que deu início a essa conversa logo concordou com ele.
A conversação aprofundou-se quando ele prosseguiu: “Minha vida afetiva é como um coitus interruptus.” Todos riram. Mas era sério, e a amiga que primeiro tocou no assunto confessou que vivia o mesmo, e ele continuou: “Minhas histórias amorosas nunca têm começo, meio e fim. Parecem mesmo um coito interrompido. Nunca se concluem. Nunca fecham a Gestalt. Elas começam e acabam de repente. Não sofro por não ter uma relação estável, vivo bem só, mas gostaria muito de viver a experiência de uma relação com começo, meio e fim.”
Diante dos olhares complacentes das amigas, o rapaz foi mais longe: “Já me conformei. Olho a minha volta e vejo vidas que parecem bem piores que a minha, inclusive de gente casada. Eu me sinto como um tetraplégico que tem de superar seus limites e continuar vivendo. Não dá para ter tudo…”.
A turma mudou de assunto. Ninguém parecia triste, abatido. Talvez porque houvesse um equilíbrio à mesa. Duas têm relação estável. Dois estão solteiros e sem perspectiva de um relacionamento sério. Nenhum parecia infeliz. Nenhum parecia se sentir melhor nem pior que o outro. Nenhuma banda da mesa parecia ter inveja uma da outra. Amizade verdadeira é isso. Maturidade é isso. O resto é conversa.
house!! muito interessante o tema e, obviamente, a discussão. lembro apenas que no profissional, alguns menos evoluídos também precisamos (e muito) contar com a sorte, o acaso, o destino.. vivemos a era da insatisfação. ab!