Sinto dificuldade para entender certos preconceitos. Admito que tenho e até entendo alguns (mesmo sendo contra a existência deles). Há, porém, posições preconceituosas que me parecem mais absurdas que outras.
Como pode alguém ter prevenção contra uma pessoa com base na cor da pele, por exemplo? Não há racionalidade que sustente isso. Não há humanismo que sustente isso. Trata-se de preconceito puro e simples, ou seja, sentimento ou opinião desfavorável sem ponderação, sem conhecimento (daí, claro, ser pré-conceito).
É, portanto, estreita a relação entre preconceito e ignorância, como se sabe. Mas dá para ir além: alguns preconceituosos chegam a ter apego às próprias posições. Mesmo depois de esclarecidos, cientes da inconsistência de suas opiniões ou sentimentos (ou de ambos), não abrem mão de sua prevenção contra isso ou aquilo, esse ou aquele. Desenvolvem algo semelhante a pet hates, feliz expressão inglesa para aquilo que algumas pessoas amam odiar, como se fossem “ódios de estimação”.
Outro exemplo de prejulgamento absurdo é o preconceito contra nordestinos. Causa-me espanto uma pessoa desdenhar outra porque nasceu numa determinada região do Brasil, por acaso onde a maioria dos brasileiros gosta de passar suas ensolaradas férias e recebe tratamento extremamente afetuoso.
Alguns podem dizer que o preconceito contra os nordestinos não tem origem na geografia, mas na economia, pelo fato de a região apresentar índices socioeconômicos inferiores aos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste (em alguns casos, do Norte também). E daí? Situação socioeconômica — algo de incrível complexidade — não pode servir como desculpa para se rebaixar toda uma população.
Aliás, outro problema do preconceito está justamente na generalização. Universalizar um conceito é operação das mais complicadas — às vezes, simplesmente inviável. Um preconceito, então!
Antes de encerrar este artigo, cito um último exemplo de manifestação de preconceito especialmente absurda: a homofobia. Nesse caso, vale indagar que diferença faz a orientação sexual de alguém. Exceto nos casos em que uma pessoa tem interesse afetivo-sexual em outra, o que muda na vida de alguém o fato de João gostar de namorar rapazes ou Maria gostar de namorar garotas?
Como expressa muito bem uma amiga, “orientação sexual é mero detalhe”. Uma evidência disso é que um homossexual (masculino ou feminino), quando não possui as características que normalmente se atribuem a um gay (o tal “jeito” ou “pinta”), costuma receber tratamento de heterossexual. Via de regra, sofre bem menos ou não sofre preconceito, nem sua conseqüência direta, a discriminação. Aparentemente, incomoda mais à sociedade parecer do que ser gay.
A sexualidade é preocupação quase obsessiva de algumas pessoas. Talvez por isso, elas se importem com quem vai para a cama com quem e, por motivos ainda insuficientemente claros, sentem-se incomodadas com a homossexualidade a ponto de desprezar homossexuais.
Reitero que preconceitos como esses me parecem especialmente absurdos porque não encontram nenhuma sustentação no bom senso. Não se explicam nem se justificam. São como implicâncias gratuitas. Enfim, deveriam incitar as perguntas: para que servem e qual benefício trazem para uma vida harmoniosa em sociedade?
Considero as pessoas preconceituosas e não me enquadro fora delas em alguns aspectos uma questão cultural. Fomos criados a ouvindo críticas, anedotas cheias de malícias por tais comportamentos, que não sejam daquele grupo de pessoas. Os gordos, os idosos, os pobres,
podem ser incluídos nesta lista. Basta ser diferente da maioria, para serem vitimas de xacota.. Uma pena, este tipo de educação que tivemos… e que precisa ser superada.
No lugar de xacota, leia, chacota… (vacilo)
Acontece… Beijos e obrigado por seus comentários.
Também tenho feito alguns artigos contra o preconceito. É um comportamento terrível. Não envolve só negros nem gays. Mais também baixinhos, altões, índios, e por aí afora. Já passei por isso porque estava ligeiramente gago. Vi o deboche, o risinho maroto.
Pois é… Nesse artigo, eu quis abordar apenas os que julgo mais absurdos, mas de fato há muitos e muitos outros. Obrigado pelo comentário!