No almoço com uma amiga, após troca de confidências impublicáveis, a conversa degenerou para temas como amor, relacionamento, compromisso. É… Ninguém é de ferro. Os brutos também amam.
Estamos ambos solteiros, vivenciando tudo o que pode haver de bom e de ruim nessa condição. Concluímos que o melhor é mesmo a liberdade. O pior é a carência afetiva (repito: afetiva). Solteiro só tem romance de mentirinha, disfarce barato para o instinto animal.
Pedi sobremesa. Entre uma e outra garfada de “Delícia de Banana”, a conversa tomou o perigoso rumo dos porquês. Por que nossos relacionamentos anteriores não deram certo? Por que não tentamos de novo? Por que algumas pessoas se arranjam e outras não?
Foi quando tomei a coragem dos que abusam da intimidade entre amigos e teorizei: medo. Quando alguém nos desperta interesse, três tipos de medo – isolados ou combinados – nos afligem. E o psicólogo de araque dentro de mim empolgou-se.
Há o medo de sofrer rejeição: e se o outro não gostar de mim quando me vir de perto ou me conhecer melhor? Há o medo de rejeitar: e se eu não gostar do outro quando o vir de perto ou o conhecer melhor? Finalmente, há o medo contrário, de a aprovação ser recíproca: e agora? Abro mão da minha liberdade?
Os dois primeiros tipos geram apenas constrangimento. Já o terceiro… Minha amiga complementou: temos medo de sair da zona de conforto. Concordei e, em seguida, mudamos de assunto. Hora de ir. Não tomamos café. “A conta, por favor!” E até a próxima.