Macho ou capacho? A maioria diz: “Macho. Faço isso porque sou macho, e macho faz agrados à fêmea.” Claro que a resposta não é literalmente essa. Mas se parece. Dá para desenvolvê-la mais ou menos assim: “Como homem, gosto de ser cavalheiro, pois o cavalheirismo me garante alguns benefícios junto à mulher.”
Tudo lembra um jogo. A mulher finge que manda, o homem finge que obedece. E ambos saem ganhando. Será? Quem acredita nisso está enganando a si mesmo, penso eu. Afinal, há mulher que manda de fato e homem que a obedece servilmente. Mas por quê?
Longe da desculpa esfarrapada de cada um fazer seu papel social, o que ouço por aí é:
- Ela é assim mesmo. Gosto dela. O que posso fazer?
- Ela é mandona, mas tem muitas qualidades.
- Eu também erro.
- O que ela exige de mim não é sacrifício.
- Ela também cede.
- Tenho preguiça de procurar outra. Já estou acostumado com essa.
- Toda mulher é assim.
Paixão (às vezes, cega). Baixa auto-estima. Conformismo. Culpa. Auto-engano. Comodismo. Pessimismo. Fatalismo. Tudo isso (e certamente algo mais) ajuda a explicar por que um homem se sujeita ao comando autoritário de uma mulher. Mesmo sufocado na relação, suporta-a. Parece ser esse um processo racional e nada, nada romântico.
Não que eu defenda que as relações devam ser necessariamente calcadas no romantismo. Na verdade, chego a achar que o romantismo pode até atrapalhar muitas delas. Mas me entristece ver essa subjugação em um relacionamento que deveria significar liberdade – para ser, para ver, para aprender, para viver.
Um amigo chega a admitir: “Já estou na idade de sossegar. Combino com essa garota. Não posso ficar esperando a mulher certa a vida inteira.” Pragmático ele. Ou seja, para ele, há limite de idade para se casar. Aproximando-se esse limite, vale tudo. O importante é dar satisfação a si mesmo e à sociedade. Conforma-se com a namorada que ele tem, pouco importando se ela mente, manipula, joga para “prendê-lo”. Logo ele, que sempre me pareceu apaixonado pela própria liberdade!
Numa cultura opressora, o opressor vira libertador. É…