Capachos de mulher.

Nasci numa sociedade machista em que a regra ainda era o homem mandar na mulher. Cresci para ver a mulher conquistar cada vez mais respeito, liberdade e dignidade. Vejo isso com sincera satisfação. Sou verdadeiramente favorável à chamada eqüidade de gênero. Aliás, sou simpático à idéia de eqüidade em geral.

Por isso mesmo, incomoda-me tanto ver o oposto da regra de antanho (lamentavelmente ainda em vigor em muitos sítios deste mundo): uma mulher mandar em um homem. É como se tivesse havido uma troca de seis por meia dúzia.

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Sim, eu sei que não se trata exatamente de uma inversão de papéis, pois não chega a ser regra a mulher mandar no homem. Mas lamento que haja mulher disposta a fazer com o homem o que, um dia, como padrão, o homem fez com a mulher – e que ela julgava errado.

Não estão nem aí para essa contradição namoradas de alguns amigos meus. Possivelmente porque não contam com suporte social para mandar abertamente em seus namorados (afinal, a sociedade brasileira ainda é predominantemente machista), elas lançam mão de artifícios diversos para manipulá-los, controlá-los e mandar neles.

Uma série desses artifícios garante grande parte do êxito de uma namorada autoritária. Não todo porque, como se sabe, para que se estabeleça uma dominação desse gênero, é preciso via de mão dupla: uma mulher de personalidade dominadora e um homem suscetível a controle.

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Não sou psicólogo, mas tenho motivos de sobra para achar que minhas intuições sobre esse estilo de relação estão no caminho certo. Observo e ouço muito.

Pontuo abaixo uma síntese de tudo o que tenho observado e ouvido de amigos. Eles, é claro, não costumam dar-se conta de que se tornaram “capachos” de suas namoradas.

  • A namorada exigiu e obteve a senha do e-mail do namorado. [Uma chegou a hackear a conta dele!]
  • A namorada estabeleceu regras para a relação, baseada em uma suposta tradição segundo a qual namorada tem mais direitos que familiares e amigos do namorado. 
  • Inspirada nessa mesma “tradição”, a namorada passou a exigir do namorado que ele se afastasse dos amigos dele. [Estava na cara que ela agiu assim por ciúmes, por temer que os amigos do namorado, sobretudo os solteiros, levassem-no a traí-la com outras mulheres.]

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  • Ao menor risco de perder o namorado (geralmente por ele ter se sentido sufocado na relação), a namorada criou situações para que ele se sentisse melhor ao lado dela. Afastado o fantasma da separação, ela voltou a sufocá-lo. [Como se sabe, esse vaivém pode durar anos – ou mesmo toda uma vida a dois!]
  • Diante de um término de fato, a namorada deu início a um jogo psicológico “maquiavélico”, que obedeceu mais ou menos a esta seqüência: fingiu desprezo, observou o namorado a distância, tentou provocar ciúmes nele, inventou desculpas para um reencontro, exerceu sedução (baseada no que ela já sabia que o agradava mais), fez chantagem emocional (desde chorar até insinuar que poderia cometer suicídio). [Outra chegou ao cúmulo de inventar uma gravidez e, diante da impossibilidade de levar a mentira adiante, inventou também um aborto espontâneo!]
  • A namorada estabeleceu, pouco a pouco, uma rotina confortável que funciona como uma espécie de teia para o namorado. Ele não percebe que está se acomodando a uma série de conveniências (sexo mais ou menos freqüente, intimidade, liberdade, casa, comida, roupa lavada etc.).
  • Para a namorada dominadora, a traição do namorado não foi necessariamente causa de separação. Ao contrário. Ela viu nisso oportunidade para dominá-lo ainda mais. Afinal, ela pôde aproveitar-se do sentimento de culpa dele para fazer novas exigências e estabelecer mais regras na relação (todas favoráveis a ela, claro).

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Para alguns, deve ser difícil acreditar em tudo isso. Mas juro de pés juntos que fiz aqui um resumo de relatos genuínos de vários amigos. Eu poderia arrolar uma seqüência ainda maior de exemplos, mas me detenho por aqui. No próximo post, também baseado em depoimentos reais, apresento minhas suspeitas sobre por que alguns homens se sujeitam a esse tipo de dominação feminina. Até lá!

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Uma resposta para Capachos de mulher.

  1. Silvana Ferreira disse:

    Texto perfeito, como sempre. Quanto à mulher mandar em homem ou homem mandar em mulher é uma situação odiosa. Os dominadores são, antes de tudo, inseguros.

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