Ouço muitas amigas queixarem-se de solidão. Entenda-se solidão, aqui, como falta de um companheiro – namorado, noivo, marido.
Algumas já foram casadas ou namoraram por muitos anos. Outras nunca tiveram um relacionamento estável. Todas lamentam não ter um parceiro fixo no momento.
O que esperam de um homem? Sexo? Também. Mas não apenas. Elas desejam romance, comprometimento, vida a dois (independentemente de dividir o mesmo teto).
Esperam muito?
Penso que não. O fato de haver mulheres frustradas em suas relações não significa que as solteiras devam desistir de ter um companheiro em algum momento da vida.
Só que boa-vontade não basta, segundo atestam algumas amigas. Não há receita para se estabelecer um relacionamento. Parece haver um componente de sorte também.
Para início de conversa, dizem, é preciso conhecer um homem e achá-lo interessante. Em seguida, esse homem precisa achá-las interessantes também.
Vem um primeiro encontro – ou uma seqüência de encontros. É necessário, então, que o interesse mútuo se mantenha. Em diversas ocasiões, contudo, a ligação logo se desfaz. O homem desaparece. Às vezes, de uma hora para outra. Sem explicação.
O que mais incomoda, atestam algumas amigas, é não saber o que fizeram de errado, se é que fizeram algo errado. Mal sabem dizer se o problema estava mesmo nelas.
Se a frustração se repete numerosas vezes, começa a haver espaço para aflição. Afinal, se tantos as deixaram, o problema só pode estar nelas. Mas como ter certeza disso?
Não há certezas. Raros são os homens que dizem, na cara de uma mulher, por que não querem ficar com ela. Uns não o revelam por cavalheirismo, outros, por covardia.
Imagino que muitos não o digam por não saberem exatamente por quê. Não teorizam sobre o motivo. Simples assim.
Essa falta de racionalidade causa profunda irritação em algumas mulheres, que buscam, então, explicações elas mesmas: “Ele deve ser gay”, “Ele só pode ter algum problema”, “Homem não presta”, “Homem é tudo igual: só quer nos usar e jogar fora”. Algumas rechaçam a hipótese de simplesmente não ser atraentes para alguns homens.
Desconfio de que uma conjunção de fatores explique a solidão (nesse sentido adotado aqui) de tantas amigas minhas, mas me parece que dois deles se destacam: demografia (quando a população feminina é muito superior à masculina) e momento histórico (independência da mulher, liberdade de escolher parceiros e de ter ou não filhos).
Em uma sociedade menos patriarcal, na qual as mulheres não se vêem mais forçadas a se casar (com homens que suas famílias escolhiam!), elas enxergam outras opções de vida. Podem ser muito mais que esposas, mães, donas de casa.
Acontece que, por mais livre e independente que seja uma mulher, ela não costuma prescindir da companhia de um homem. Não qualquer homem, porém. Pelo menos esse é o caso de minhas amigas sozinhas.
O que fazer, então, quando faltam homens no “mercado”? Como achar qualidade onde não há quantidade? Há mesmo algo a se fazer?
Infelizmente não tenho respostas para minhas amigas. Desejo-lhes sorte. Elas merecem.
Inteligência, sagacidade e sensibilidade, o que sobra em você, tá faltando nesse universo. Excelente texto, como sempre, aliás.
Inteligência, sagacidade e sensibilidade. Esse é o problema. Essa é a receita que toda mulher repete. Mulher tem muito de pensar coletivamente, ou talvez seja uma questão de aparência para o grupo de mulheres do qual ela faz parte e por isso repetem as regrinhas batidas de escolha.
Inteligência, sagacidade e sensibilidade não diz nada sobre ninguém (sem contar que são características que podem ser fingidas). Mulher não sabe o que quer num homem. Homem não sabe o que quer em uma mulher. E, enquanto isso, todo mundo quer viver como solteiro, mesmo estando namorando. Não tem como um relacionamento dar certo com tanta imaturidade de ambas as partes.