Bar é quase sinônimo de liberdade. No bar, os engravatados tiram a gravata, os tensos relaxam, os tímidos se soltam, os assanhados se exaltam. O bar é o reduto das bebidas alcoólicas por excelência, e o álcool, como se sabe, libera (os exagerados, ele lidera). Caberiam regras em um lugar assim?
Creio que, diante dessa pergunta, a maioria responderia “não”. Para que regras em um bar? O que deve ser proibido em um boteco deve ser proibido também em qualquer outro ambiente, como brigas e crimes em geral. Nesse caso, bastaria o bom senso? Resolvi bancar o chato, ir na contramão da maioria e sugerir algumas normas de conduta para mesa de bar.
Regra 1: Evitar discussões sobre assuntos áridos, deprimentes ou muito polêmicos (estupro, morte, pedofilia, religião, importância das ONG, derrotas do Flamengo etc.). Esses temas caem melhor em seminários, mesas redondas, tertúlias. A esmagadora maioria vai ao bar para jogar conversa fora, beber, beliscar, paquerar, ou seja, divertir-se. Ademais, no bar, não há condições favoráveis para se desenvolver uma idéia, consultar a biblioteca (no máximo, o Google, quando se tem um smart phone por perto), nem para apresentar um powerpoint.
Regra 2: Respeitar a namorada ou o namorado dos outros. Sem mais comentários.
Regra 3: Equilibrar os atos de falar e de ouvir. Como são chatos aqueles que só falam (pior ainda quando em voz alta)! Também podem ser “sem-sal” aqueles que só ouvem.
Regra 4: Evitar o uso constante do aparelho celular. À mesa de um bar, rodeado de amigos, não faz sentido (e pode ser até grosseiro) passar a maior parte do tempo falando ou teclando com pessoas fora dali. Pode-se falar ou teclar rapidamente, mas quem precisa de mais de quinze minutos ao telefone deveria ter ficado em casa ou marcado o encontro com as pessoas do outro lado da linha e não com as que estão ali.
Regra 5: Ignorar as pessoas da mesa ao lado. Cabe o bom senso: paqueras e aproximações simpáticas são sempre bem-vindas, mas prestar atenção ao que os outros estão falando é muita cara-de-pau. Intrometer-se na conversa, então!
Regras óbvias demais? Pois é… Só que muita gente — muita gente mesmo — é sem noção. Esses deveriam imprimir as 5 regrinhas acima — poderia haver outras — e levar no bolso ou na bolsa. Quem sai com freqüência sabe que os bares estão cheios de pessoas que, a pretexto de usufruir da liberdade, aporrinham as outras.
Agora, uma regrinha só para mim: perder menos tempo com a falta de noção dos outros e deixar que cada um viva como bem entender. Claro está, portanto, que não se deve levar este post muito a sério. Só um pouquinho…