Amor, paixão e fantasia.

Quando vejo um casal de namorados trocando carícias em público, logo penso besteira. Não. Não me refiro a sexo. Refiro-me a um pensamento negativo, ao qual não consigo resistir: aquele chamego todo, aquela paixão toda ajudam ambos a se esconder um do outro. Quanto mais carinhos o casal exibe, mais desconfiado fico.

Pode ser realmente besteira minha, mas tenho cá meus motivos para pensar assim. Sem querer generalizar, defendo a seguinte teoria: quando um casal se ama de verdade, ele não precisa externalizar isso o tempo todo, muito menos de maneira explícita. O amor tende a ser calmo, sereno. Manifesta-se nos detalhes. É mais sutil, enfim.

O Beijo, tela de Gustav Klimt. O Beijo, de Gustav Klimt.

A paixão é que é chegada a arroubos, a demonstrações públicas, a um exibicionismo repleto de clichês. Parece até que o casal quer provar a todo o mundo o que não consegue provar a si mesmo: há realmente amor na relação. Na dúvida, dá-lhe abraço, dá-lhe beijo, dá-lhe chamego, dá-lhe declaração de amor!

Por trás desse espetáculo, o casal se esconde. Não se enxerga realmente. Um desconhece o outro. Até porque, se realmente se conhecesse, o casalzinho não teria tantas ilusões. Não foram poucas as vezes em que vi um rapaz paparicar a namorada aqui e “chifrá-la” acolá, e vice-versa (e, nesses casos, não se tratava de relações abertas).

Que fique bem claro: nada tenho contra demonstrações públicas de afeto, e nada impede uma pessoa de gostar de outra e, ainda assim, “pular a cerca”. Só estou dizendo que, muitas vezes, essas exibições apaixonadas não passam de cortina para ocultar os verdadeiros sentimentos (tanto um do outro quanto de si mesmos).

Nature with Lovers III, tela de Braj Mohan Arya. Nature with Lovers III, de Braj Mohan Arya.

As pessoas gostam de se enganar. Gostam de fazer de conta. Não há amor? Inventa-se! Não há sinceridade? Finge-se! Aos poucos, um e outro, de tanto representar, acabam acreditando na peça. Até que um dia… Não se pode mentir para sempre.

A paixão é como droga. Vicia. Esse vício leva a sacrifícios. Algumas pessoas chegam a se anular. Abrem mão do que mais gostam. Até da própria liberdade. Apostam todas as fichas naquela relação que julgam ser de amor. O fogo, então, se espalha. Se há atração sexual, o casal aposta mais alto ainda. O tesão, em tese, compensaria eventuais perdas.

O diabo é que esse fogo todo é de palha e, na maioria das vezes, não vira amor. Pode até se converter em seu oposto, o ódio. Afinal, a aposta elevada não dá o retorno esperado. Ao contrário, dá prejuízo. Quem gosta de perder (principalmente tempo)?

With Passion, de Lauri Blank. With Passion, de Lauri Blank.

Daí minha desconfiança quando vejo “dois pombinhos” brincando de conto de fadas. Penso logo besteira, se é que se trata mesmo de besteira. Embora haja muitos casais sinceros por aí, são numerosos os que se escondem por trás de um príncipe e uma princesa encantados. Não podem mesmo ser felizes para sempre.

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