Quando soube, online, que eu estava sintonizado num canal que exibia a estréia de um reality show, meu amigo Leo reagiu mal. “Como?! Você está vendo isso?!”, me perguntou com desprezo. Dei-lhe resposta sincera: “Ué… Sim. Não tenho a intenção de acompanhar esse programa, mas fiquei curioso. Sou da área de Comunicação. Esqueceu?”.
Leo não se convenceu. Para ele, reality shows como aquele são perda de tempo e ponto. Talvez ele esteja certo. Há tantos filmes, livros, CD, DVD e especialmente pessoas que merecem atenção! Por que parar para assistir, como era meu caso, a um grupo de “peruas” ricas a se pavonear diante das câmeras da TV? Está bem, Leo, acho que devo a você e a todos os que me conhecem uma justificativa decente para essa minha “perda de tempo”.
O que primeiramente me chamou a atenção nesse programa foi a inversão da lógica comum aos reality shows: ali não estavam pobres ou remediados ou artistas no ostracismo em busca de 1 ou pouco mais de 1 milhão de reais e algum brilho instantâneo. Ao contrário, os participantes são mulheres para as quais 1 milhão de reais (ou de dólares ou talvez até mesmo de euros) é mixaria.
O maior prêmio dessas mulheres no programa é a oportunidade de exercitar o narcisismo em grande estilo para milhões de telespectadores ao mesmo tempo. É como multiplicar milhares de vezes a repercussão de uma sessão de fotos na Ilha de Caras.
Admito que também me despertou a curiosidade certo exotismo nesse programa. Fossem seus participantes homens ricos, o reality show provavelmente não seria um… show. Da mesma forma, não haveria espetáculo caso os integrantes fossem mulheres ricas e discretas, como há tantas por aí. O apelo do programa está justamente na reunião de mulheres ricas e espalhafatosas, exibicionistas, afetadas. A seleção das participantes, nesse sentido, foi competente.

Fiquei curioso, ainda, para ver e ouvir esse ruidoso grupo de senhoras mais deslumbradas que deslumbrantes. Sabe o que concluí após 30 minutos de programa? Não merece mesmo minha atenção semanal. Minutos de observação dessas mulheres são suficientes para se confirmar o óbvio: o preço do excesso de futilidade é o ridículo. E o humor? Sim, dá para rir um pouco daquele teatro. Mais que ricaças, elas são “figuraças”. Possuem talento suficiente para fazer caricatura de si mesmas.
Só que aquele esnobismo todo me cansou logo. Acho que não nasci para ser platéia de nouveaux riches. Há neles, freqüentemente, uma estranha combinação de cinismo com ingenuidade, algo que me incomoda. Ou estão tirando sarro da minha cara ou estão implorando para eu tirar sarro da cara deles. Não vejo graça em nenhuma dessas situações.
Se é para “perder tempo”, melhor acompanhar as peripécias de outras mulheres ricas: Tereza Cristina (Christiane Torloni) e Griselda (Lilia Cabral), de “Fina Estampa”. São de mentirinha –de verdade. Se é que fui claro.

Griselda e Tereza Cristina