Precisa comprar o combo?

Quando o assunto é política, o tempo fecha. Na verdade, esquenta. E como esquenta! Vive-se hoje um tudo ou nada, um “está comigo ou contra mim”, um “nós x eles”. Antes que todo o mundo caia na real e se liberte desse antagonismo inútil, muita treta pela frente ainda. Espero que este breve texto ajude a acelerar um tiquinho a volta à normalidade, nem que seja para meia dúzia de gatos pingados.

O ponto que levanto aqui é o seguinte: sejam quais forem as crenças, os princípios, a ideologia, as preferências políticas de uma pessoa, ela precisa concordar com 100% do que dizem os líderes políticos que ela apoia? Tudo o que eles dizem está certo? Sempre?

Foto por Tara Winstead em Pexels.com

O que não entendo é a adesão completa a um projeto político, sobretudo por parte de quem não está no poder. Nenhum projeto humano é perfeito. Nenhum. Por que, então, abrir mão da crítica? Por que não reconhecer, mesmo que pontualmente, que os representantes desse ou daquele projeto político falharam?

As pessoas discordam de seus familiares mais próximos, de suas amigas e amigos, namoradas e namorados, de seus colegas, amantes, vizinhos. Não veem problema nisso. Mas, quando se trata de seu líder político preferido, aceitam a palavra dele como uma lei. Isso lembra o princípio da infalibilidade papal. O líder político “de estimação” é infalível, mesmo quando — ou principalmente quando — a maioria das pessoas discorda dele.

Penso que o primeiro passo para que todo o mundo saia dessa tal polarização, dessa treta global, é admitir que seus líderes políticos erram — e erram feio, erram muito. Não merecem a defesa cega e intransigente de ninguém. Ao contrário, devem ser cobrados, responsabilizados, criticados. Para o bem da sociedade que pretendem administrar e para o bem deles próprios. Afinal, quem evolui só à base de aplausos e tapinhas nas costas?

Sei que estas palavras são óbvias. Não tenho a menor pretensão de ser original aqui. Mas noto que o óbvio tem sido esquecido. Parece que pouca gente lembra que líder político — independentemente de seu partido, de suas bandeiras, de suas orientações em geral — é eleito para trabalhar para quem o elegeu. Não o contrário. Portanto, não se deve comprar o “combo” de um projeto político. Onde houver erro, cobre-se, critique-se, para que se melhore, se aperfeiçoe, se evolua.

Foto por Son Tung Tran em Pexels.com
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1 Response to Precisa comprar o combo?

  1. Avatar de Adriel Amaral Adriel Amaral disse:

    Ai, ai… a voz da sensatez. Tao importante, mas tao rara! (sem acentos mesmo por causa da configuracao do teclado)

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